Pular para o conteúdo principal

intrevista com O Bruno,...

O encontro aconteceu vinte dias atrás, quando Bruno e Marrone estiveram em São Paulo para um fim de semana com duas apresentações no Credicard Hall.

A conversa com os dois tinha, entre outras coisas, a intenção de saber o que a dupla pensava sobre ser reconhecida como o principal nome da década passada no meio sertanejo.

Além do número de discos vendidos, que talvez nem dê muito para se considerar, por causa da pirataria, ninguém dominou tanto os rankings das rádios, levou tanto público aos shows e influenciou uma geração de novos cantores sertanejos, nos últimos dez anos, como eles.

Desde “Dormi na praça”, que revelou ao país, em 2000, uma dupla que já era muito conhecida dentro da música sertaneja, até “Amor não vai faltar”, o sucesso atual, a carreira de Bruno e Marrone teve muitos altos e quase nenhum baixo.

Todos os CD’s foram bem aceitos e trouxeram vários hits. Apesar de não terem sido os primeiros a utilizar o formato acústico (Chrystian e Ralf já haviam feito dois anos antes), a prática começou a se tornar comum a partir de Bruno e Marrone.

A opinião da dupla sobre o assunto e outras respostas você pode conferir no vídeo abaixo e no texto a seguir.



US: Muita gente ligada ao meio sertanejo defende que vocês foram a grande dupla da última década. Vocês concordam?

B: Acho que a gente não pode ter o direito de se considerar, acho que quem tem que ver esses méritos são os outros. A gente faz nosso trabalho há 23 anos, são 16 CD's gravados, 5 DVD's, e há 10 anos estourados nacionalmente.

Compete aos outros dar nota ou falar em qual posição a gente está. Eu acho que a gente faz um trabalho bem feito e, graças a Deus, as pessoas gostam. Se fosse escolher no dedo das mãos as duplas que fazem sucesso durante 10 anos seguidos, no topo, são poucos. Graças a Deus, pelos números, e pela realidade de mercado, nós estamos.

US: E esse sucesso se deve a alguma mudança? Vocês concordam que trouxeram algo novo pra música sertaneja?

B: Depois dos “AMIGOS”, a gente conseguiu mudar um pouco, a gente atingiu um público universitário, que a galera hoje fala que é universitária, a gente começou esse esquema.

Se você perguntar pro João Bosco e Vinícius, pro Jorge e Mateus, eles vão falar isso, que o Bruno e o Marrone são referências.

Eu acho legal, eu acho que a gente marcou uma geração, uma década, com certeza.

US: No último ano, vocês lançaram o “De volta aos bares”, que tem características parecidas com o primeiro DVD de vocês, que além de acústico, reunia algumas regravações de músicas conhecidas...

M: A gente conseguiu, graças a Deus, acertar bastante o repertório desse mais recente trabalho. A gente pensou, repensou sobre essa galera nova que tá vindo aí. Essa coisa toda, quem começou foi a gente mesmo, primeiramente no acústico, então porque não fazer o "De volta aos bares", voltando lá atrás, mostrando a nossa origem nos bares?

A gente montou o repertório com as melhores músicas, pra gente, e o pessoal gostou muito desse trabalho nosso.

US: E essa ideia de acústico continua? Há um novo projeto para 2010?

M: Agora é hora de por a cabeça no lugar, descansar um pouco, curtir as férias, pra ver o que a gente vai fazer em 2010. A gente tá pensando em fazer um acústico, mas precisamos ver que nome nós vamos dar pro projeto, se vai ser mais um “De volta aos bares” ou outra coisa.

Pra isso, a gente tem que conversar, reunir o pessoal da gravadora, assessoria, empresário. Por enquanto, a gente tá só pensando mesmo.

US: O “De volta aos bares” teve “Amor não vai faltar” como o maior sucesso, é até hoje uma das músicas mais tocadas no país. Ela tem um estilo bem mais animado, mais adequado com o que se faz na música sertaneja hoje, o que deve ter dado a vocês um público novo. A ideia é essa mesmo, mudar de acordo com a época?

B: Eu acho interessante a gente ter a capacidade de renovar o nosso público. Eu acho que o grande artista é aquele que consegue permanecer por muito tempo renovando seu público e acompanhando o que tá acontecendo na atualidade musical.

O sertanejo universitário é nada mais que o andamento das musicas mais acelerado, e isso é muito fácil pra gente.

US:...mas a qualidade não caiu? Não tem muita coisa ruim?

Tem muita coisa ruim, tem muita coisa ruim, mas tem muita coisa boa, também. Pelo fato da facilidade de gravar um CD, um DVD, a facilidade do acesso na internet, muitos artistas despreparados gravam fora de hora, então a gente acaba tendo que ouvir coisa que não é legal, mas tem muita coisa boa sim, com certeza.

A gente acaba pegando um pouquinho de cada coisa, lógico, a gente não é bobo, e puxa o que o povo tá querendo. Se tá querendo uma coisa mais pra frente, vâmo embora, vâmo fazer mais pra frente.

___

Apesar de imaginar a resposta, já que a ideia da dupla sobre o mercado é muito clara, resolvi perguntar sobre o CD de bolero que o Bruno comentou uma vez que tinha plano de fazer, por curiosidade.

A resposta, bem humorada, eu deixei como um extra e publiquei abaixo.



Quando o “De volta aos bares” foi anunciado, muita gente pensou que a dupla faria um DVD só com regravações de músicas próprias que fizeram muito sucesso regional, mais no meio sertanejo. Como o projeto não era exatamente esse, teve gente que andou reclamando do repertório.

Como a resposta do Marrone acena para um projeto mais ou menos do estilo do último, dá para imaginar que alguns clássicos da dupla, como “Pago calado” ou “Faz de conta”, que não reapareceram em nenhum álbum de carreira, voltem à tona.

De qualquer forma, deve vir coisa interessante por aí.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O que é música sertaneja ?

Música sertaneja é toda música que tem sua origem no sertão (interior) brasileiro. Essa é a definição clássica. Hoje, infelizmente, o que vemos é uma grande distorção desse conceito. Segundo Zuza Homem de Mello podemos afirmar que sertanejo é gênero e caipira é espécie, ou seja, toda música caipira é sertaneja, a recíproca não é verdadeira. A música caipira viveu seu auge entre as décadas de 1920 e 1970, época em que o Brasil era um país tipicamente agrícola. A partir, principalmente, da década de 80, o gênero sertanejo começou a se destacar no Brasil e passou a ser explorado comercialmente de maneira mais agressiva. Um marco importante foi o lançamento da música Fio de Cabelo (1982) da dupla Chitãozinho e Xororó, que vendeu mais de 1 milhão e meio de discos. Recorde absoluto de vendas até aquele momento para o mercado sertanejo. Com o destaque da grande mídia veio também a influência da cultura Norte Americana. A contaminação começou com a inserção de instrumentos eletrônicos como gui...

HOMENAGEM AO HOMEM DO CAMPO

Esse é um heroi...O caipira,o matuto,o caboclo,o sertanejo.Todos esses adjetivos,formam um só o homem do campo.È assim que vejo esse heroi,e me traz lembrança do meu querido pai.Hoje vou falar a respeito deste tão esquecido Homem do Campo. Principalmente nos momentos atuais, quando a economia brasileira canta a todos os ventos que o agro-negócio foi o responsável por boa parte do superávit econômico de nossa balança comercial, quase todos supõem que o homem do campo finalmente foi valorizado. Ledo engano. As grandes responsáveis por este superávit econômico foram as exportações de produtos do tipo da soja, do milho, do frango, carne, e outros que são produzidos por grandes empresas, parte das vezes até multinacionais que exploram a grande fertilidade de nossas terras. E o nosso homem do campo, o nosso caipira do interior de São Paulo ou de outros estados. Este está ainda produzindo tudo aquilo que lhe chega à mesa, os produtos que as estatísticas nem contempla...